segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Miguxos Kaiowá e a lógica contra a propriedade privada

Nos últimos meses, a página de humor Anarcomiguxos do Facebook atingiu um alcance razoável, muito por conta da popularidade dos vídeos do Daniel Fraga no YouTube e também pela dedicação de seus administradores que alimentam a página com uma grande quantidade e criatividade de conteúdo.

De início, podemos achar que o teor de humor gira em torno de críticas em relação ao sistema anarcocapitalista e as suas possíveis limitações, mas a agenda da página é claramente a de desmoralizar qualquer tipo de benesse em relação ao mercado e nos “elucidarmos” contra esse mal, além de defender o intocável estado, quando questionado.

Vamos supor que já chegamos nesse patamar de iluminação no qual o anarcocapitalismo é uma alternativa absurda e imoral. Qual é a saída, então? Esse é um tipo de pergunta claramente evitada nessa página. Seria um grupo de militantes tucanos, petistas, liberais, progressistas, marxistas ou anarquistas? Muito melhor ficar em cima do muro, onde as crenças não podem ser confrontadas.

Realmente não há motivo de expor as incoerências. Por que eu tenho de defender Cuba e Coréia do Norte se basta eu postar críticas em relação a Hong Kong e Singapura? Por que eu preciso me posicionar em relação à política inflacionária que destruiu a classe média ao redor do mundo se basta eu postar a foto de crianças desnutridas e atribuir ao capitalismo? Por que eu vou sugerir alternativas ao setor aéreo se basta eu mostrar um exemplo de parceria público-privada como case de sucesso? Por que eu vou questionar o milionário Zuckerberg se eu posso usar sua rede social para criticar o mercado?

 A retórica até foge um pouco do padrão por conta da abordagem de humor, mas a tática vermelha não tem como ser muito diferente. As palavras de ordem são: deturpação histórica e deturpação semântica. Isso já rende boas piadas a aqueles que têm um posicionamento político mais do que comum, mas precisam se achar diferentes. Acreditam que basta terem as pessoas certas no poder, regular o mercado da mão dos gananciosos e manter um poderoso estado de bem-estar social. Isso não rende boas risadas e é mainstream. Como mainstream não é bacana, acharam o nicho certo. Mas ainda assim me soa estranho. Seria como o Globo dedicar seu tempo falando mal do programa de madrugada de um canal pago que aumenta sua audiência, mas ainda sim está longe de ser amplamente popular.

Eles se divertem com o fato do movimento libertário estar em constante crescimento e de estarmos vivendo num “mundo dos sonhos”, mas o mundo bacana mesmo é basear-se nesse “sonho” para viver o próprio mundo. Coisa linda!

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