segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Miguxos Kaiowá e a lógica contra a propriedade privada

Nos últimos meses, a página de humor Anarcomiguxos do Facebook atingiu um alcance razoável, muito por conta da popularidade dos vídeos do Daniel Fraga no YouTube e também pela dedicação de seus administradores que alimentam a página com uma grande quantidade e criatividade de conteúdo.

De início, podemos achar que o teor de humor gira em torno de críticas em relação ao sistema anarcocapitalista e as suas possíveis limitações, mas a agenda da página é claramente a de desmoralizar qualquer tipo de benesse em relação ao mercado e nos “elucidarmos” contra esse mal, além de defender o intocável estado, quando questionado.

Vamos supor que já chegamos nesse patamar de iluminação no qual o anarcocapitalismo é uma alternativa absurda e imoral. Qual é a saída, então? Esse é um tipo de pergunta claramente evitada nessa página. Seria um grupo de militantes tucanos, petistas, liberais, progressistas, marxistas ou anarquistas? Muito melhor ficar em cima do muro, onde as crenças não podem ser confrontadas.

Realmente não há motivo de expor as incoerências. Por que eu tenho de defender Cuba e Coréia do Norte se basta eu postar críticas em relação a Hong Kong e Singapura? Por que eu preciso me posicionar em relação à política inflacionária que destruiu a classe média ao redor do mundo se basta eu postar a foto de crianças desnutridas e atribuir ao capitalismo? Por que eu vou sugerir alternativas ao setor aéreo se basta eu mostrar um exemplo de parceria público-privada como case de sucesso? Por que eu vou questionar o milionário Zuckerberg se eu posso usar sua rede social para criticar o mercado?

 A retórica até foge um pouco do padrão por conta da abordagem de humor, mas a tática vermelha não tem como ser muito diferente. As palavras de ordem são: deturpação histórica e deturpação semântica. Isso já rende boas piadas a aqueles que têm um posicionamento político mais do que comum, mas precisam se achar diferentes. Acreditam que basta terem as pessoas certas no poder, regular o mercado da mão dos gananciosos e manter um poderoso estado de bem-estar social. Isso não rende boas risadas e é mainstream. Como mainstream não é bacana, acharam o nicho certo. Mas ainda assim me soa estranho. Seria como o Globo dedicar seu tempo falando mal do programa de madrugada de um canal pago que aumenta sua audiência, mas ainda sim está longe de ser amplamente popular.

Eles se divertem com o fato do movimento libertário estar em constante crescimento e de estarmos vivendo num “mundo dos sonhos”, mas o mundo bacana mesmo é basear-se nesse “sonho” para viver o próprio mundo. Coisa linda!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Guia da retórica estatista

Caso você queira se sentir seguro como um verdadeiro amante da democracia, estado de bem-estar social ou até mesmo do socialismo (mas não aquele que deu errado na União Soviética, Cuba ou Coréia do Norte) há algumas definições necessárias para que a retórica esteja de acordo com suas crenças.

Meu objetivo é auxiliá-lo em discussões sobre esse tema.

Vamos lá:

Reacionário: Fundamental! Não dá para começar uma discussão com algum não-estatista sem jogar essa verdade na cara desses seres! O progresso estatista é inevitável, portanto, não dá pra aceitar alguém se opondo a isso. Lembre-se, alguém que reaja a uma inércia se encaixa nesse contexto. Se uma ovelha decidir não seguir com o rebanho, ela nega sua natureza de ovelha.

Egoísmo: Fale algumas verdades! Com que direito alguns indivíduos acham que o estado, único capaz de servir ao povo sem o ganancioso objetivo de lucro, não pode ficar com uma parte de sua propriedade para satisfazer o bem-comum?

Neoliberalismo: A lógica é simples: Se opõem ao sistema de bem-estar social? Neoliberal! Simples assim! Não existem arranjos que prezem pelo respeito à liberdade econômica e individual. Isso é contraditório.

Manipulação da mídia: A agenda da mídia não tem nada a ver com interesses estatais e empresas parceiras. A manipulação é para exaltar o capitalismo.

Capitalismo: Gera desigualdade, pois alguns podem melhorar suas condições de vida enquanto outros não. A miséria não tem nenhuma influência com a carga tributária e inflação da moeda. Ela acontece, pois o capitalismo é um sistema opressor.

Socialismo: Suas supostas experiências ao longo do século XX não foram socialistas! Não podemos dizer que Lênin, Stalin, Mao Tsé-Tung e Fidel aplicaram o socialismo de fato. Reacionários impediram isso. Sem eles, todas as milhões de morte não teriam ocorrido.

Igualdade: Não podemos encerrar, senão por esse conceito. A mais justa igualdade não é a igualdade de oportunidades, mas sim igualdade de condições. Não é justo alguém acumular riqueza só porque foi capaz de explorar alguma necessidade no mercado. Somos todos humanos e como tal, não podemos nos diferenciar uns dos outros.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O sacrossanto estado

Inúmeros tabus foram quebrados nas últimas décadas. Assuntos antes proibidos, agora podem ser debatidos em ambientes familiares, no trabalho, etc., mas questionar a necessidade do estado facilmente gera a fúria no meio comum. Parece que atingimos um campo daqueles “assuntos que não podemos falar” e rapidamente faz-se de tudo para desmerecer o questionamento.

É comum que perguntem coisas como - Me diga um lugar onde o estado não exista? - Esse tipo de pergunta só serve para desviar-nos do ponto principal, que é avaliar a necessidade da existência do monopólio estatal em diversos níveis. Além disso, inocentemente a mesma falácia era muito usada no começo do século XIX para tratar do assunto escravidão, com a mesma pergunta – Me diga um período da história onde a escravidão não existiu?

O questionamento em relação à necessidade do estado já é relevante quando se dá alternativas privadas em um determinado setor. Inúmeros exemplos estão aí para mostrar o quão ineficiente são algumas intervenções estatais como no setor de correios, saúde, educação, energia, etc. A capacidade do mercado em suprir as demandas nesses setores é evidente, mas ao mesmo tempo o estado nos doutrina a acreditar que tudo deve estar sob controle de suas sabedorias sacrossantas.

O estado é realmente eficiente quando se trata da capacidade em manter-nos em letargia, e quando vemos, estamos apoiando sua existência. Tão ruim quanto esse movimento interno para promover o estatismo, é ver a contraproducente campanha pró-estado feita até por minarquistas e neoconservadores. Muito mais produtivo seria deixar esse tabu de lado e considerar alternativas libertárias para satisfazer a população.

Não ser capaz de criar alternativas privadas do dia para a noite em todos os setores não acontece por se tratar de uma utopia, e sim, pois o nosso estágio de conhecimento e padrões morais são ainda muito convergentes com o necessário para um genuíno respeito a propriedade privada e principio de não-agressão, arranjo sugerido pelo anarco-capitalismo.

Tudo isso, sem mencionar o caráter coercivo dessa instituição chamada estado. Isso já seria motivo de sobra para questionar sua existência.

Portanto, questione os atos nefastos ou absurdos dessa instituição e não se cale frente aos seus defensores. A obediência é a melhor amiga do detentor do poder.


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Por fim, sugiro a seguinte leitura: Por que não podíamos abolir a escravidão ontem e não podemos abolir o governo hoje

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Desobediência Civil

trechos do livro Desobediência Civil, de Henry D. Thoreau - 1848

“O melhor governo é o que governa menos” – aceito entusiasticamente esta divisa e gostaria de vê-la posta em prática de modo mais rápido e sistemático. Uma vez alcançada, ela finalmente equivale a esta outra, em que também acredito: “O melhor governo é o que absolutamente não governa”, e quando os homens estiverem preparados para ele, será o tipo de governo que terão. Na melhor das hipóteses, o governo não é mais do que uma conveniência, embora a maior parte deles seja, normalmente, inconveniente – e, por vezes, todos os governos o são.

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Toda votação é uma espécie de jogo, como o de damas ou o gamão, com um leve matiz moral, um jogo com o certo e o errado, com questões morais, naturalmente acompanhado de apostas. O caráter dos votantes não está em discussão. Dou meu voto, talvez, ao que considero direito, mas não estou vitalmente interessado em que este direito prevaleça. Disponho-me a deixar isto nas mãos da maioria. A obrigação desta, portanto, jamais excede a da conveniência. Mesmo votar em favor do direito é não fazer coisa alguma por ele. Significa apenas expressar debilmente aos homens seu desejo de que ele prevaleça. Um homem sábio não deixará o direito à mercê do acaso, nem desejará que ele prevaleça por meio do poder da maioria. Não há senão uma escassa virtude na ação de multidões de homens. Quando a maioria finalmente votar a favor da abolição da escravidão, será porque esta lhe é indiferente ou porque não haverá senão um mínimo de escravidão a ser abolida por meio de seu voto. Eles, então, serão os únicos escravos. Somente o voto de quem afirma sua própria liberdade através desse voto pode apressar a abolição da escravidão.

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O Estado nunca enfrenta intencionalmente a consciência intelectual ou moral de um homem, mas apenas seu corpo, seus sentidos. Não está equipado com inteligência ou honestidade superior, mas com força física superior. Não nasci para ser forçado a nada. Respirarei a meu próprio modo. Vejamos quem é o mais forte. Que força tem uma multidão? Só pode forçar-me aquele que obedece a uma lei mais alta que a minha. Forçam-me a tornar-me como eles. Não sei de homens que tenham sido forçados a viver desta ou daquela maneira por uma massa de homens.

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Que espécie de vida seria essa? Quando me deparo com um governo que diz “Teu dinheiro ou tua vida”, porque deveria apressar-me em dar-lhe meu dinheiro? Ele pode estar em grande dificuldade e não saber o que fazer, mas não posso ajudá-lo nisso. Ele deve ajudar a si mesmo, fazer como eu faço. Não vale a pena lamuriar-se. Não sou responsável pelo bom funcionamento da maquinaria da sociedade. Não sou o filho do maquinista. Observo que, quando uma bolota de carvalho e uma castanha caem lado a lado, uma não se mantém inerte para dar lugar à outra, mas ambas obedecem as próprias leis, e desenvolvem-se e crescem e florescem tão bem quanto podem, até que uma delas, talvez, domine e destrua a outra. Se uma planta não consegue viver de acordo com sua natureza, ela morre, e assim também um homem.

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A autoridade do governo, mesmo aquela a que estou disposto a me submeter – pois obedecerei com prazer àqueles que saibam e possam fazer melhor do que eu, e, em muitas coisas, mesmo àqueles que não saibam nem possam fazer tão bem -, é ainda uma autoridade impura: para ser rigorosamente justa, ela deve ter a sanção e o consentimento dos governados. Não pode ter nenhum direito puro sobre minha pessoa e meu patrimônio, apenas aquele que lhe concedo. O progresso de uma monarquia absoluta para uma monarquia limitada e desta para uma democracia é um progresso no sentido de um verdadeiro respeito pelo indivíduo. Mesmo o filósofo chinês foi sábio bastante para ver no indivíduo a base do império. Será a democracia, tal como a conhecemos, o ultimo desenvolvimento possível em matéria de governo? Não será possível dar mais um passo além no sentido do reconhecimento e da organização dos direitos do homem? Jamais haverá um Estado realmente livre e esclarecido até que este venha a reconhecer o indivíduo como um poder mais alto e independente, do qual deriva todo seu próprio poder e autoridade, e o trate da maneira adequada. Agrada-me imaginar um Estado que, afinal, possa permitir-se ser justo com todos os homens e tratar o indivíduo com respeito, como um seu semelhante; que consiga até mesmo não achar incompatível com sua própria paz o fato de uns poucos viverem à parte dele, sem intrometesse com ele, sem serem abarcados por ele, e que cumpram todos os seus deveres como homens e cidadãos.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fear No Hurricane: Obama Quietly Approved Federal Subsidies to Houses in Floodplains in July


President Obama expanded a program offering subsidized insurance to ocean-front homeowners this summer.

Four months before Hurricane Sandy hit the East Coast, President Obama quietly signed legislation expanding the federal program that offers taxpayer-subsidized flood insurance to ocean-front homeowners.

The law extended the National Flood Insurance Program for five years while also opening the program for the first time to multi-family properties like beachfront condominiums. The flood insurance provisions were part of a bill known as the Moving Ahead for Progress in the 21st Century Act that passed the House 373 to 52 on June 29 and the Senate by 74 to 19 the same day. President Obama signed it into law on July 6 with remarks that dwelled on the transportation spending and student loan-related language in the Act, but made no mention at all of the flood insurance.

The Left tends to look at hurricanes as examples of how government works well—the National Weather Service warns people, police and firefighters help with evacuations and rescue, and the Federal Emergency Management Agency helps clean up. Free-market types, by contrast, argue that hurricane casualties are partly the result of unintended consequences of government actions: without federal flood insurance, many fewer people would take the risk of living in low-lying areas vulnerable to storm surges.
Television reporter John Stossel, who once had an oceanfront house washed away by a storm, has called the flood insurance program an “outrage” and “dumb.”

“The subsidized insurance goes to affluent homeowners on both coasts — from Malibu Beach, where movie stars live, to Kennebunkport where the Bush family has a vacation home, to Hyannisport, where the Kennedy family has a summer home, to the Hamptons, where I bought my house,” he wrote.

In part to respond to criticism such as Mr. Stossel’s, this summer’s five-year extension and expansion of the flood-insurance program was described by its backers as “reform.” The legislation is sometimes known as the Biggert-Waters Flood Insurance Reform Act of 2012, after its champions, two congresswomen—Judy Biggert, a Republican of Illinois, and Maxine Waters, a Democrat of California.

The federal flood insurance program shares several characteristics with the Medicare and ObamaCare programs that provide health insurance. Like Medicare, the federal flood insurance law was originally enacted under President Lyndon Johnson. And as is eventually predicted for Medicare, “current premiums are not enough to cover expected costs,” and the flood insurance program wound up costing $18 billion.

As ObamaCare does, the flood insurance program operates through private insurance companies whose annual premium increases are limited by the government. And, as with ObamaCare, the flood insurance program features “community rating,” which means the riskiest cases are not charged the highest rates.

This summer’s extension of the flood insurance law was a textbook example of how the system in Washington works, or doesn’t work. Though billions of dollars and hundreds of thousands of lives were at stake, the extension got virtually no mainstream press attention. It was covered extensively, however, in Insurance Journal, a trade publication that caters to the industry with headlines such as “Agents, Insurers Cheer Congress OK of Flood Insurance Reform Bill.”

The 584-page congressional conference report that included the flood insurance provisions was filed on Thursday June 28; the House and Senate both voted on it on Friday, June 29, an apparent violation of Speaker Boehner’s pledge that the text of bills would be posted online at least three days before a vote. A surprising number of congressmen and senators with reputations as conservatives voted for the law, including Paul Ryan and Jeb Hensarling, Jon Kyl and Mitch McConnell. Among the minority who opposed the bill were Marco Rubio, Pat Toomey, Jim DeMint, Ron and Rand Paul, Rob Portman, and John Cornyn.

The next week was interrupted by the Fourth of July holiday. When Mr. Obama signed the bill into law on July 6, he was almost apologetic, saying, “We wouldn’t normally keep you this late on a Friday afternoon.”

Mark your calendar for 2017, when the federal flood insurance program will come up again for renewal. Does it really have to take a 100-year storm to cause Congress to come around to the idea that subsidizing home-ownership in flood plains may not be something for which it is worth borrowing money from China?

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Vem aí a geração que vai subverter o direito autoral

Por Tatiana de Mello Dias

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Quem cresceu entre os anos 80 e 90 perdeu algum tempo gravando coletâneas em fitas cassete – a forma pirata, e única, na época, de reunir em um só lugar nossos sons favoritos. A vida musical mudou radicalmente nos anos 2000. Com o Napster nós poderíamos ter qualquer música do mundo. A conexão era lenta, mas a possibilidade estava ali.

Depois disso foi tudo muito rápido. Todo mundo ficou encantado com as mudanças que o YouTube trouxe. Depois dele vieram inúmeros serviços de acesso à cultura, piratas ou não, no computador ou no celular. Tudo mudou.

As gerações que viveram isso, na qual me incluo, acham que o Napster foi a grande revolução na forma como consumimos cultura. Ele foi o estopim, mas a grande revolução ainda está em curso. E quem vai completá-la são as crianças de hoje. Nós somos apenas a transição, a geração que se deslumbra com a tecnologia, mas esbarra em regras e leis de um sistema que ainda não se adaptou.

As crianças de hoje não conhecem um mundo sem internet. Quando querem saber como uma planta carnívora come um inseto, vão ao YouTube pelo celular e têm a resposta imediata para a dúvida. Se ouvem uma música na rua e pensam “que legal”, em poucos minutos podem descobrir que som é aquele, encontrá-lo na internet e ouvir aquilo até matar a vontade. Para elas, não existe o mundo real e a internet. É tudo parte da mesma realidade, em que todo o conteúdo do mundo está acessível o tempo todo.

Quando essa geração que não viveu o mundo offline começar a esbarrar nas leis obsoletas impostas por indústrias e governos, essas regras se tornarão ainda mais ineficientes – ou completamente inúteis (e incompreensíveis). As crianças hoje podem criar um perfil no Facebook e criticar a escola, fazer um tutorial de maquiagem e postar no YouTube. Não apenas recebem a informação, mas se apropriam naturalmente de ferramentas de discurso. “É a alfabetização das nossas crianças”, diz Lawrence Lessig, advogado americano que criou as licenças Creative Commons, em uma palestra do TED em 2007.

Isso é, para ele, o “abolicionismo dos direitos autorais”. Lessig diz que essa é uma geração que “rejeita a noção básica de direito autoral e acredita que a lei não é nada mais do que uma chatice a ser ignorada e confrontada em qualquer oportunidade”. É uma posição extrema – incentivada por regras extremas. “Nós temos de reconhecer que eles são diferentes de nós. Nós fazíamos fitinhas; eles fazem remix. Nós assistíamos à TV; eles fazem TV”.

Quem nasceu no ano da palestra, 2007, já começa a comprovar a teoria – mesmo sem nem imaginar que existem algumas regras do mundo dos adultos que são burladas nas tarefas mais cotidianas na internet, como procurar uma música ou assistir a um vídeo no YouTube. Se algumas leis parecem sem sentido para a geração das fitas cassete, para as crianças de hoje elas serão, no máximo, uma lembrança dos pais ou uma citação na aula de história. Pode até ser engraçado.

Reddit lança rádio para novas bandas
Caótico e influente, berço de memes e palco de discussões profundas ou totalmente inúteis, o Reddit agora também tem uma rádio. Ela funciona como o site: os membros (os “redditors”) postam os sons, que são promovidos conforme os votos dos outros membros. Só são aceitas músicas originais de bandas novas – e é tudo livre para ouvir em streaming. Acesse em radioreddit.com.

The Pirate Bay cai por falta de energia
O Pirate Bay ficou quase dois dias fora do ar. E isso aconteceu ao mesmo tempo em que o provedor sueco PRO foi invadido pela polícia. A coincidência alimentou rumores, embora a empresa negue que hospede o serviço de busca de torrents. Pouco depois, o pessoal do site disse ao Torrent Freak que o problema foi mais simples: falta de luz. O site já voltou ao ar normalmente.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Fraude - Explicando a grande recessão

Nesse recente documentário de aproximadamente 50 minutos, há tudo que você precisa saber a respeito da crise econômica mundial.


http://vimeo.com/50210131

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Peter Schiff estava certo

Apesar do vídeo já ser um sucesso há algum tempo, vale a pena rever as análises do Peter Schiff no que diz respeito ao entendimento do momento da economia norte-americana. Entre 2006 e 2007 ele já alertava a todos, e continua alertando em relação aos problemas que virão.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

10% do PIB para a educação? Não, obrigado!

Esse pedido é cada vez mais freqüente, recebendo grande atenção dos veículos tradicionais de comunicação e principalmente nas redes sociais. Em primeira vista esse desejo parece óbvio e justo, mas no fundo premia a incompetência e ineficiência do sistema educacional no Brasil.
Há pouco tempo postei mais ou menos essa conclusão acima no Facebook e um primo meu me questionou elegantemente sobre minha linha de raciocínio com o seguinte escrito:
“Sobre a discussão da necessidade de maiores investimentos na área de educação que a gente teve tempos atrás, consegui achar um exemplo prático de escola com investimentos e professores qualificados e achei o Coluni, escola publica vinculada a UFV, que tem a melhor pontuação no ENEM em Minas Gerais (incluindo todas as escolas públicas e particulares) e é a sétima melhor escola do Brasil. Enfim... Acredito que existe sim uma relação entre investimentos na educação e melhoria no ensino”
Não questiono que exista sim a relação entre melhores investimentos em uma escola e seu destaque perante as demais. Essa avaliação do meu primo pode servir para qualquer setor. Com maior (e mais acurado) investimento, a chance de entrega de um melhor produto ou serviço é maior, mas isso de maneira alguma invalida minha opinião sobre o erro de leitura que há em clamar por 10% do PIB para a educação, ou seja, mais impostos para bancar “investimentos” as nossas custas. O fato está aí. O sistema público de educação consegue ter uma escola em 7º nesse ranking e outras no qual o aluno mal sabe escrever aos 15 anos de idade.
Os fanáticos por regulamentação que me perdoem, mas o Ministério da Educação é o maior responsável pela defasagem que temos nesse setor. Criado há 82 anos, coincidentemente no ano que o então futuro ditador brasileiro Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil, o órgão público se desenvolveu de maneira progressiva e cada vez mais atuante no que diz respeito ao controle do setor. Para um breve histórico desse órgão nefasto, consultar o Wikipédia.

De uma maneira direta: Você tem realmente como afirmar que uma pessoa, ou grupo de pessoas tem condição de prever ou planejar a melhor forma de ação e escolhas de toda uma população? A resposta mais sensata seria que não, mas é justamente isso que acontece no sistema paternalista brasileiro. Reclamamos dessa classe suja de políticos e nos apoiamos neles para solucionar nossos problemas. Há muita controversa nesse arranjo.
O Ministro da Fazenda se delicia para anunciar que o Brasil é a sexta economia do mundo, que passamos o Reino Unido (muito por um câmbio valorizado em 2011). Informação sai em todos os jornais, o maior auê é formado, índice de popularidade da nossa presidente em alta e o Brasil do futuro segue a todo vapor, ou não. O cinismo é tanto que o Ministro da Educação não nos pede desculpas quando vemos o vergonhoso resultado do IDH, por exemplo, em 84º lugar atrás de países como Peru, Macedônia, Bulgária, Barbados, etc.
É sempre interessante para o estado que a opinião pública esteja sob seu controle e a educação é um papel fundamental nessa doutrinação. É função dos burocratas ficarem de olho naquilo que é ensinado e de que forma, para que as coisas não se percam de controle. É só analisar o patético fetiche socialista presente entre professores nas escolas e universidades, mantido por interesse do estado e tornando a compreensão histórica completamente deturpada. Basta analisar de que forma aprendemos sobre a nossa história recente e o quanto é ignorado o fato de sistemas socialistas terem causado centenas de milhões de mortos ao longo dos laboratórios de mortes levados ao extremo pelos regimes soviéticos e chineses no século XX, assim como a atrasada definição de esquerda e direita.
Sob a ótica moral, poucos são os que contestam o papel do imposto e o consideram como coercivo, levando naturalmente a uma crença religiosa em relação à democracia. Pensam que basta colocar os bem intencionados no poder que as coisas darão certo. Os políticos devem adorar essa clemência da população por mais poder em suas mãos. A mentalidade paternalista arruína o Brasil. Para a classe política basta fazer o mínimo para se ganhar uma eleição, enquanto que no livre-mercado a tão criticada busca por lucros força os empreendedores a oferecer melhores serviços a custos reduzidos.
O fim do MEC é a solução. Há uma necessidade urgente em desregular o sistema educacional. Grades curriculares fixas, número mínimo de livros para se abrir uma universidade, vestibulares engessados e diversas outras barreiras de entrada fazem com que o setor educacional seja caro e de má qualidade. Toda essa burocracia estatal só é permitida com utilização do nosso dinheiro, que é desperdiçada para sustentar esses parasitas.
Pedir 10% do PIB para a educação é irresponsável e um erro de leitura monstruoso. Não avaliar a origem dos problemas permite cada vez mais que o estado tenha a chancela da população para continuar nos roubando. Para os que acham loucura meu pedido pelo fim do MEC, mais irreal ainda é crer que os indivíduos agem como ovelhas no rebanho e que suas necessidades individuais e intransferíveis podem ser resolvidas através de mais imposto e burocracia. Desafio-os a mapear mudanças realmente benéficas e estruturais que o governo brasileiro realizou ao aumentar seu poder sob a população ao longo de sua história.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Argentina inflation: shoot the messenger


from Financial Times

See no evil, hear no evil, speak no evil.
That, apparently, is the mantra of the Argentine government when it comes to inflation. And woe to those who contradict it. Just ask the folks at Consumidores Libres, a non-profit that tracks prices and represents consumers in consumer protection lawsuits.

Consumidores Libres’s fortnightly grocery price index was published last Friday in Clarín, the nation’s largest newspaper. The index showed that consumer prices had risen 17.5 per cent in 2012, three times the rate reported by the country’s national statistics agency, INDEC.

Later that day, Consumidores Libres was informed by the country’s consumer defense department, a division of the economy ministry, that its non-profit registration and its place in the national registry of consumer defense agencies were being suspended.

“If they suspend our registration we don’t exist as a non-profit and if they take us out of the registry all the legal actions we’ve begun on behalf of consumers fall into limbo,” Consumidores Libres founder Héctor Polino told Clarín.

The government of President Cristina Fernández de Kirchner has long expressed irritation with those who differ with the laughably rosy consumer inflation numbers that started coming out of INDEC after the government changed key personnel and methodology there in 2007.

And this is not the first time that the government has hit those who contradict INDEC with economic sanctions. Last year, the Fernández de Kirchner government fined a dozen consultancies and research firms 500,000 pesos (about $108,000) for publishing their own inflation data on the basis that they were using faulty methods and spreading misinformation.

To avoid those sanctions, a group of opposition lawmakers now concocts an index using data from unnamed private firms. This index pegs inflation at some 24 per cent year-over-year, while INDEC reports a rate of 9.9 per cent.

“The government wants to hide the fact that there are price increases, even when Argentines see them every day at the supermarkets,” Polino told Bloomberg.

According to Polino, the government also wanted to punish Consumidores Libres for having its statistics appear in Clarín, which the government has treated as a sworn enemy in recent years. Consumidores Libres has followed grocery prices for 18 years and its index has appeared in many publications without problem, Polino said in an article in the La Nación newspaper.

In the government’s defense, the head of the consumer defense department, María Lucila “Pimpi” Colombo said that the group was not being punished for its appearance in Clarín but for the weakness of their data. She said that her department had long been troubled by inexact price indices and had sent a letter to Consumidores Libres and similar groups in early August asking them to explain their methodologies. In the case of Consumidores Libres, on the day of its suspension the group received a notification from the consumer defense department telling it that:
The price measurement performed by [Consumidores Libres] lacks the rigor, scientific basis, and statistical consistency needed for this kind of measurement, because of which its publication or access by consumers could cause confusion or the spread of false data, thereby possibly leading to poor choices in the consumption of goods.
While Consumidores Libres’s ad hoc price index of 38 foods might not be the stuff of high science, this certainly sounds like shooting the messenger to silence the message.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Como contribuir para um mundo com mais liberdade?

A liberdade é o principal pilar que permite o desenvolvimento de sociedades. Do lado oposto temos o estado, uma instituição que pouco (senão nada) contribui para gerar progresso no longo prazo. O estado nada produz e age as custas da população, através de impostos e monopólios com respaldo legal.
Mas nada está perdido! No vídeo abaixo, o eloquente Jeffrey Tucker discursa na terceira conferência de Escola Austríaca de São Paulo e inspira a todos amantes da liberdade a contribuirem para uma sociedade livre.
A era digital dá trabalho aos governos, que de maneira alguma conseguem acompanhar a evolução vista no setor privado. Confiram abaixo essa grande mensagem. Abraços!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A vidraça quebrada - Frédéric Bastiat


[Extraído do primeiro capítulo do livro Frédéric Bastiat, do ensaio O que se vê e o que não se vê]

Será que alguém presenciou o ataque de raiva que acometeu o bom burguês Jacques Bonhomme[1], quando seu terrível filho quebrou uma vidraça?  Quem assistiu a esse espetáculo seguramente constatou que todos os presentes, e eram para mais de trinta, foram unânimes em prestar solidariedade ao infeliz proprietário da vidraça quebrada: "Há males que vêm para o bem.  São acidentes desse tipo que ajudam a indústria a progredir.  É preciso que todos possam ganhar a vida.  O que seria dos vidraceiros, se os vidros nunca se quebrassem?"

Ora, há nessas fórmulas de condolência toda uma teoria que é importante captar-se flagrante delito, pois é exatamente igual àquela teoria que, infelizmente, rege a maior parte de nossas instituições econômicas. 
Supondo-se que seja necessário gastar seis francos para reparar os danos feitos, pode-se dizer, com toda justeza, e estou de acordo com isso, que o incidente faz chegar seis francos à indústria de vidros, ocasionando o seu desenvolvimento na proporção de seis francos.  O vidraceiro virá, fará o seu serviço, ganhará seis francos, esfregará as mãos de contente e abençoará no fundo de seu coração o garotão levado que quebrou a vidraça.  É o que se vê. 

Mas se, por dedução, chegamos à conclusão, como pode acontecer, de que é bom que se quebrem vidraças, de que isto faz o dinheiro circular, de que daí resulta um efeito propulsor do desenvolvimento da indústria em geral, então eu serei obrigado a exclamar: Alto lá!  Essa teoria pára naquilo que se vê, mas não leva em consideração aquilo que não se vê. 

Não se vê que, se o nosso burguês gastou seis francos numa determinada coisa, não vai poder gastá-los noutra!  Não se vê que, se ele não tivesse nenhuma vidraça para substituir, ele teria trocado, por exemplo, seus sapatos velhos ou posto um livro a mais em sua biblioteca.  Enfim, ele teria aplicado seus seis francos em alguma outra coisa que, agora, não poderá mais comprar. 

Façamos, pois, as contas da indústria em geral. 

Tendo sido quebrada a vidraça, a fabricação de vidros foi estimulada em seis francos; é o que se vê. 

Se a vidraça não tivesse sido quebrada, a fabricação de sapatos (ou de qualquer outra coisa) teria sido estimulada na proporção de seis francos; é o que não se vê. 

E se levássemos em consideração o que não se vê por ser um fato negativo, como também o que se vê, por ser um fato positivo, compreenderíamos que não há nenhum interesse para a indústria em geral, ou para o conjunto do trabalho nacional, o fato de vidraças serem quebradas ou não. 

Façamos agora as contas de Jacques Bonhomme

Na primeira hipótese, a da vidraça quebrada, ele gasta seis francos e tem, nada mais nada menos que antes o prazer de possuir uma vidraça. 

Na segunda hipótese, aquela na qual o incidente não ocorreu, ele teria gastado seis francos em sapatos e teria tido ao mesmo tempo o prazer de possuir um par de sapatos e também uma vidraça. 

Ora, como Jacques Bonhomme faz parte da sociedade, deve-se concluir que, considerada no seu conjunto, e fazendo-se o balanço de seus trabalhos e de seus prazeres, a sociedade perdeu o valor relativo à vidraça quebrada. 

Daí, generalizando-se, chega-se a esta conclusão inesperada: "A sociedade perde o valor dos objetos inutilmente destruídos" — e se chega também a este aforismo que vai arrepiar os cabelos dos protecionistas: "Quebrar, estragar, dissipar não é estimular o trabalho nacional", ou mais sucintamente: "Destruição não é lucro". 

Que dirão vocês, pessoal do Moniteur Industrieisl?[2]  E vocês, adeptos deste bom Senhor Saint-Chamans[3], que calculou com tanta precisão o que a indústria ganharia com o incêndio de Paris, levando em conta as casas que seria necessário reconstruir? 

Lamento ter que desmoralizar esses cálculos engenhosos, tanto mais porque estão influenciando o espírito de nossos legisladores.  E insisto para que tais cálculos sejam considerados levando-se em conta o que não se vê e o que se vê. 

É preciso que o leitor aprenda a constatar que não há somente dois, mas três personagens no pequeno drama que acabei de apresentar.  Um deles, Jacques Bonhomme, representa o consumidor reduzido a ter, por causa da destruição, um só prazer em vez de dois.  O outro, sob a figura do vidraceiro, nos mostra o produtor para quem o incidente estimula a indústria.  O terceiro é o sapateiro (ou outro industrial qualquer) cujo trabalho é desestimulado também pelas mesmas razões.  É esse terceiro personagem que sempre se mantém na penumbra e que, personificando aquilo que não se vê, é peça fundamental do problema.  É ele que nos faz compreender o quanto é absurdo afirmar-se que existe lucro na destruição.  É ele que logo nos ensinará que não é menos absurdo procurar-se lucro numa restrição, já que esta é também, no final das contas, uma destruição parcial. 

Por isso, indo-se à raiz de todos esses argumentos favoráveis às medidas restricionistas, não se encontrará outra coisa senão a paráfrase deste velho dito popular: "O que seria dos vidraceiros, se os vidros nunca se quebrassem?" .


[1] N. do T.- Jacques Bonhomme, em francês, nome usado como "João da Silva" em português, representa o homem comum do povo, probo, responsável. 
[2] N. do T.- Jornal da Comissão de Defesa da Indústria Doméstica, organização protecionista da época.
[3] N. do T.- Auguste, visconde de Saint - Chamans (1777-1861), deputado e conselheiro de estado na época da Restauração, protecionista e partidário da balança comercial.  O fato citado por Bastiat tem origem no conto publicado por Saint-Chamans intitulado "Novo tratado sobre a riqueza das nações", de 1824.  Este trabalho foi posteriormente incorporado (1852) ao seu Tratado de economia política.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Capitalism works better when left alone


from Bastiat Institute

Time to destroy another piece of left-wing meme propaganda:

You call Fannie Mae, Freddie Mac, and all kids of subsidies "left alone?" Really? You call government maximum liability insurance on nuclear power plants "left alone?" You call massive bailouts of AIG and the rest "left alone?" You call public utilities and the City of Niagara Falls dumping chemicals in that land, not to mention the PUBLIC school district buying it despite explicit mention by Hooker in the contract that it was contaminated "left alone?"

The Ford Pinto was later demonstrated to be no less safe than comparable cars (site provided if you wish).

Finally, if you'd rather poor Asians pick up trash, work 16 hour days in the rice fields, or sell themselves or their kids into prostitution, please go right ahead and say so.

But hey, let's not let the facts get in the way of things.

--@Steve Horwitz

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A concepção (errônea) de socialismo de Antonio Candido


É impressionante ver as inúmeras ferramentas usadas por socialistas para defender o indefensável. Esse senhor de 92 anos, chamado Antonio Candido é destaque no blog de Luis Nassif com o seguinte chamado: “O socialismo é uma doutrina triunfante”. É rir para não chorar.

A entrevista com esse ser está no seguinte endereço: http://www.advivo.com.br/node/963509

                Apesar de Ludwig Von Mises ter provado por completo a impossibilidade de um calculo sob o socialismo, o fato de ele ter sido negligenciado ao longo da história, com a dominância acadêmica por teorias estatistas é mais um auxílio para que esses socialistas busquem sempre novas abordagens para desferir suas falácias.

                O A.C. faz uma referência no começo da entrevista sob a necessidade em se entender a classe social que um indivíduo está inserido para assim entender a relevância e autenticidade de uma obra. Bom, eis o primeiro erro. Se eu concluo que 1+1 = 2, de maneira alguma isso pode ser invalidado se eu não sou um ser humano exemplar perante os padrões da sociedade. Para os que acham que o enfoque dele foi outro, não esqueçam que a “luta de classes” exposta por Marx considera que cada classe tem ideologias específicas. Desafio alguém a me explicar o momento exato e como se dá a mudança de ideologia de uma pessoa que foi de uma classe para a outra. É engraçado esse ponto de vista, uma vez que o socialista alemão também era de uma classe social específica. Não estaria ele míope em relação à verdade? Ele estava errado, evidentemente. Mas não por esse motivo.

                Após um início de entrevista sem grandes conclusões ele faz menção direta ao socialismo “vendendo” uma idéia de não-utopia, classificando o socialismo como uma “finalidade sem fim” defendendo-se que devemos agir todos os dias para chegar ao paraíso, mesmo sabendo que não chegaremos. Cretinisse sem igual. Quer dizer que o ser humano não tem finalidades concretas e reais? Vivemos num mundo dos sonhos em busca do nirvana?

                A coisa só começa a esquentar. Ele diz que o capitalismo e socialismo nasceram juntos e destaca a Revolução Industrial como injusta em relação a sua estrutura social motivando, portanto, o surgimento do socialismo. Para esses pensadores deterministas, todos estamos fadados ao progresso. Ele é inevitável e o movimento igualitário serve para trazer justiça a terra. Faltam-lhes conhecimento econômico.

                A.C., desonestamente, exemplifica que no começo do capitalismo pessoas tinham uma carga diária de trabalho excessiva e viviam em condições sub-humanas e por isso lutaram contra esse regime, beneficiando o movimento socialista. Como é? O maior teórico dessa doutrina passou fome aonde? Que eu saiba foi ele que desenvolveu todas as teorias de mais-valia, luta de classes, etc. e sua condição de vida era bastante abastada. Nunca teve que se preocupar em trabalhar para sobreviver. Sobrevivência no qual o socialista ignora.

                Você trabalharia 16 horas por dia sabendo que não era mais metade dos seus filhos que morreriam ao nascer? Contra fatos, não há argumentos. A capacidade que a Revolução Industrial teve um aumentar a qualidade de vida de pessoas que antes trabalhavam para sua própria existência e naquele momento tinham acesso aos mais variados tipos de "confortos", foi sem igual na história.
               
                Negar a história é um artifício mais do que usual entre os comunas. A Rússia exterminou milhões de pessoas para conseguir implementar seu governo Bolchevique portanto o mais óbvio a afirmar que isso não era o Socialismo. O mesmo serve para os massacres chineses na década de 1960.

                A mesma negação se dá quando Antonio Candido analisa a evolução da sociedade no século XX. A tática é essa: Fatos ruins são atribuídos ao capitalismo e fatos bons ao socialismo. Do ponto de vista da defesa de ideologia, até entende-se (mesmo sendo desonesto), mas esse argumento não tem como ser sustentado. O maior grau de igualdade encontrado hoje é por conta do socialismo? Claro que não! Ou a inflação que detonou a pirâmide social brasileira durante boa parte do século foi feito num arranjo realmente capitalista? É no mínimo revoltante quando atribuem a culpa ao livre-mercado quando na verdade absurdos são cometidos por bancos centrais e governos.

                Se hoje todos podem guardar uma carne na geladeira, vestir roupas e comunicar-se com entes queridos a qualquer momento isso se deve ao capitalismo e a liberdade. Milhares de outros exemplos estão aí para comprovar minha tese.

                Moralmente, os socialistas devem achar que estão no topo do mundo, ou possuem uma mente brilhante e elevada, pois vêem no “consumismo” o diabo na terra. Não conseguem compreender que seres humanos tomam decisões, pois aquilo os tira de uma situação de menor para maior conforto. Isso é repudiado pela esquerda! A liberdade individual é venerada, mas a econômica é vista como um sacrilégio. Não consigo entender.

                A ironia em relação ao “consumismo” é que os maiores problemas que ele gera é justamente causada pela crença em que sempre devemos ter crescimento econômico, que poupar é ruim e consumir é bom. Que uma recessão deve imediatamente ser combatida e que estímulos são as ferramentas mais valiosas dos governos. Eu discordo totalmente desse arranjo e o maior culpado por isso tudo deve ser o Keynes maior influente no mundo acadêmico. Não culpem o livre mercado, por consequencia ninguém da Escola Austríaca de Economia que de fato compreendeu o funcionamento da economia. David Gordon alertou em relação a esse arranjo Keynesiano de uma maneira precisa e incrível.

                Para fechar com chave de ouro, nosso charlatão saiu em defesa do MST. Com um controle imenso do estado em relação a uma vasta propriedade ele acha justo que o crime de invasão e saque à propriedade privada é motivo de louvor. Triste.

Conclusão

                O que não falta são métodos utilizados para convencer o cidadão comum de que o sistema igualitário é possível. A deturpação histórica é a principal delas. Conseguimos ter defensores de um regime que na prática estava mais para um laboratório da morte, causando a morte de dezenas de milhões de pessoas.

terça-feira, 3 de julho de 2012

O gênio Mises e sua maior constatação

Por Robert Murphy - 9 de julho de 2010

Talvez a característica mais peculiar da economia de Ludwig von Mises seja sua insistência em fazer uma abordagem apriorística — ou seja, dedutiva.  Para Mises, as "leis" econômicas devem ser logicamente deduzidas de axiomas anteriores, de modo que — assumindo que as suposições iniciais sejam verdadeiras — as conclusões alcançadas sejam tão válidas quanto qualquer resultado na geometria euclidiana.

Isso é totalmente contrário ao método dos positivistas, um campo que inclui a maioria dos economistas atuais.  Na opinião deles, a economia só pode ser científica se ela adotar os procedimentos utilizados pelas ciências naturais.  Em termos gerais, os positivistas creem que os economistas devem formular hipóteses cujas deduções sejam testáveis, e então sair coletando dados que meçam a acurácia de suas previsões.  Assim, aquelas tendências que obtêm maior êxito nesse sentido passam a ser consideradas "leis" melhores do que aquelas hipóteses que não corresponderam muito bem aos dados.

Contra as impressionantes ferramentas matemáticas utilizadas pela economia convencional, bem como seu vasto orçamento gasto com coleta de dados, os misesianos humildemente insistem que a economia deve partir da premissa de que os humanos agem.  Esse axioma da ação é o núcleo da "praxeologia" (praxis = ação; logia = ciência), o termo utilizado por Mises para a ciência da ação humana.  Os misesianos argumentam que todas as verdadeiras leis econômicas podem ser derivadas desse simples axioma (algumas vezes com suposições adicionais sobre o mundo, como o fato de que a mão-de-obra impõe custos).

Devo confessar que costumava sentir-me desconcertado com esse aparente dogmatismo da parte dos misesianos.  É óbvio que os seres humanos agem — mas e daí?  Será que os misesianos realmente pensam que têm o monopólio dessa constatação?  Será que eles realmente acreditam que os economistas convencionais negariam que os seres humanos agem?

Entretanto, quanto mais estudava economia austríaca e suas áreas relacionadas, mais percebia o quão genial havia sido a manobra de Mises.  Quando realmente estudamos o axioma da ação, percebemos que ele sintetiza um fato incrivelmente complicado, e tremendamente importante, do mundo.  Se quisermos ter êxito no atual ambiente, é simplesmente indispensável que cada um de nós atribua intenções e razões aos outros seres.  Falando mais simplificadamente, se você quer chegar a algum lugar na vida, você tem de assumir que os outros humanos agem.

Ao dizer que um homem age, o misesiano não está simplesmente sugerindo que o corpo do homem se comporta de uma determinada maneira.  Se um homem cai de uma ponte, sua trajetória descendente não é uma ação no sentido austríaco.  Se um homem está em perigo, seu batimento cardíaco acelerado também não é (para a maioria das pessoas) uma ação.  A ação humana é o esforço proposital para se atingir fins desejados.  É o esforço intencional de um ser racional para atingir um grau maior de satisfação, de seu ponto de vista subjetivo.

Admito que, a princípio, essas reflexões parecem muito triviais para serem mencionadas. Mas é somente porque aceitamos essas constatações como algo certo e natural, que não percebemos o quão crucial elas são.  A abordagem do cientista natural iria funcionar perfeitamente bem para um homem em uma ilha deserta.  Quando estivesse fazendo uma fogueira, ele não precisaria pensar: "As fagulhas querem ficar dentro das pedras, portanto tenho de bater uma pedra na outra para convencer essas faíscas a pularem para os gravetos".

Porém, quando introduzimos uma outra pessoa no cenário, a situação muda dramaticamente.  Agora passa a ser essencial que nosso homem original atribua preferências e razões a esse novo "ser", caso ele tenha alguma esperança de entender o comportamento dele.  Sem nos aprofundarmos muito em argumentos filosóficos, podemos defender a tese de um modo bem pragmático: se o homem original tentar lidar com esse novo "ser" (ou seja, a segunda pessoa da ilha) utilizando o mesmo aparato mental que ele utilizava quando lidava com pedras e árvores, ele não será tão bem sucedido (de seu próprio ponto de vista) quanto seria se adotasse o axioma da ação.

Os austríacos argumentam que o método das ciências naturais "não funcionaria" nas ciências sociais por dois motivos.  Primeiro, não há constantes básicas no comportamento humano, ao contrário das constantes naturais (como a carga de um elétron) que podem ser observadas, por exemplo, na física.  Segundo, é absolutamente impossível conduzir um experimento verdadeiramente controlado nas ciências sociais.  Por exemplo, dois economistas não poderiam testar teorias rivais de tributação sobre a "mesma" população, pois a simples ocorrência do primeiro experimento (por exemplo, um aumento nos impostos) já iria alterar o ponto de partida inicial do experimento seguinte.  A dificuldade mais óbvia para essa abordagem é que o objeto de estudo do experimento — as pessoas na economia — estão cientes dos experimentos e reagem de acordo.  Não há como manter "fixas" as idéias dessas pessoas durante dois testes seguidos.

Contra esses argumentos, já vi positivistas retrucarem dizendo (corretamente, creio) que tais observações também "provariam" que a meteorologia ou a astronomia não são ciência.  Afinal, dois astrônomos obviamente não poderiam recorrer a um experimento controlado para resolver suas divergências em relação a uma estrela binária.  Ainda assim os austríacos presumivelmente não teriam objeções ao método das ciências naturais na astronomia.  Com base nesse raciocínio, o positivista poderia argumentar que sua abordagem funcionaria tão bem na economia quanto funciona na astronomia ou na meteorologia.

Mas é aí que eu viro o jogo: concedo totalmente que o método das ciências naturais funcionaria no estudo dos seres humanos tão bem quanto funciona na astronomia ou na meteorologia.  Em particular, se você quer prever a posição do corpo de Barack Obama no próximo solstício de inverno, com uma acurácia de alguns bilhões de quilômetros, então você certamente poderá fazê-lo sem levar em conta os prováveis "desejos" que ele possa ter.  Escolhendo um exemplo mais justo, se você quer prever o nível dos preços das ações tão "bem" quanto os meteorologistas preveem o tempo, então, sem dúvida alguma, você poderá utilizar várias séries temporais para calibrar seus modelos econométricos.

O vislumbre de Mises foi constatar que nós seres humanos temos uma ferramenta muito melhor com a qual compreender os eventos do campo social: temos a praxeologia.  Se, ao invés da posição ou da luminosidade do corpo de Obama, você queira prever sua política externa para os próximos meses, você não chegará a lugar algum a menos que atribua preferências a Obama[*].  Para essa tarefa, a física, a química e a biologia são relativamente inúteis, pois (sem tomar qualquer posição referente ao materialismo) uma mudança, por mais mínima que seja, no arranjo das células no sistema nervoso de Obama poderá gerar ações amplamente divergentes de sua parte.

Em resumo, não se está dizendo que o método das ciências naturais não funciona quando se trata da ação humana; mas seu uso estaria negligenciando um instrumental incrivelmente melhor que todos nós possuímos.  Ninguém realmente sabe por que os objetos caem; por isso o melhor que podemos fazer é inventar "leis" físicas que descrevam as observações empíricas o mais fielmente possível.  Sabemos que a gravidade existe e podemos até descrevê-la.  Mas não sabemos o motivo de sua existência.
Mas quando se trata da ação de outros seres humanos, certamente sabemos alguma coisa sobre sua causa, porque cada um de nós tem preferências subjetivas, e cada um de nós utiliza certos meios para se chegar a determinados fins.  Em um contexto diferente, C.S. Lewis fez uma observação similar:
Há uma coisa, e apenas uma, em todo o universo, que sabemos mais do poderíamos saber por meio de observações externas.  Essa coisa única é o Homem.  Não apenas observamos os homens; nós somos os homens.  Nesse caso temos, por assim dizer, informação privilegiada; estamos por dentro do assunto. . . . Observe o seguinte ponto.  Qualquer um que estude o Homem por meio de observações externas, assim como estudamos a eletricidade ou os vegetais, que não conheça nossa linguagem e consequentemente não fosse capaz de coletar qualquer conhecimento interno que possuímos, mas que fosse apenas capaz de observar o que fazemos, jamais obteria a menor evidência de que temos uma lei moral.  E como poderia?  Suas observações apenas mostrariam o que fazemos, enquanto que a lei moral é sobre o que devemos fazer.  Da mesma forma, se houvesse algo acima ou além dos fatos observados no caso das pedras ou da meteorologia, nós, por estudarmo-los de fora, jamais poderíamos ter esperanças de descobri-lo. (Mere Christianity, Touchstone, 1996, p. 33).
Concluindo: Ludwig von Mises estava certo ao fundar todo seu sistema praxeológico sobre a suposição — ou melhor, a constatação — de que os humanos agem.  Rechaçar esse método em prol de uma abordagem mais "científica" significa jogar fora a mais fértil fonte de conhecimento sobre as relações sociais — e isso não seria uma atitude científica.
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[*] Esse exemplo é utilizado apenas para ilustrar a pobreza da abordagem positivista.  A praxeologia na verdade não está preocupada com previsões desse tipo; antes, ela está preocupada com as afirmações aprioristicamente verdadeiras que podem ser deduzidas de qualquer ação.

O texto original pode ser encontrado em: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=230