Esses declarados inimigos tem muito mais em comum do que se sugere. O método para "moralizar" a sociedade sempre passa pelo estado, visto por ambos como necessários para uma sociedade próspera. Portanto, com esse dogma em comum, sobram somente discussões sobre como a engenharia social deve ser arquitetada e executada, nessa bela festa da democracia.
De um lado, acreditam que o "bem" prevalecerá no combate a moral cristã e o capitalismo, reforçando o apoio a "minorias sociais" enquanto que do outro lado há quase um completo antagonismo na formação de conceitos como "certo" e "errado"
Acredito eu, que o processo de racionalização é chave para tranquilizar e reafirmar posições de pessoas com visões tão diferentes.
A racionalização da esquerda se dá através do relativismo. Muitos deles afirmam que não podemos dizer com certeza que 1+1=2, que chuva é aguá caindo do céu ou que conceitos como propriedade e liberdade podem ser definidos objetivamente. É claro que o mesmo não se aplica ao estado nem a guerra de classes.
Nesse momento, chego a entender porque críticos ao panelaço da Dilma não veem problema algum em desprezar o vizinho burgues que bate panela na varanda reclamando da desfavorecida presidente, enquanto no fim de semana irão passear de iate e descansar em uma luxuosa casa no litoral, ou até passar férias na Europa. Apesar de entender, me preocupo e muito.
O "big plan" da esquerda está acima de qualquer suspeita (assim acham). Qualquer argumento é valido desde que reforçem objetivas noções de exploração do rico contra o pobre e do controle estatal sobre a sociedade.
Pensar e agir são vistos como fenômenos desconexos. Se eu pensar e discursar a favor de algo já é o bastante. Minhas ações são "relativas". Não precisa nem se extender muito para perceber o quão perigosa é essa ideia.
Somos estimulados a permanecer na matrix dando pouca importância aos nossos atos que são a base para a transformação de uma sociedade. Pessoas integras, são induzidas a se tornarem moralistas e nesse momento, se voltam contra indivíduos e a humanidade.
Por fim, fica uma pergunta a vocês que pretendem ir às ruas dia 15:
Já pensaram em algum plano melhor do que moralizar Brasilia ou pedir serviços públicos de qualidade?